A originalidade é aquele tempero especial que faz alguém ou algo ser único, inconfundível.

Imagina só uma pessoa gastando toda a bateria da vida para alimentar exclusivamente a própria imagem. É o que fazemos todo o tempo: lapidar a personalidade — esse personagem social que criamos com tanto zelo em busca do aplauso dos outros. O diabo é que esta aclamação é instável, volúvel, e muda de ideia mais rápido que celebridade de rede social.

Por mais que tentemos, nunca iremos conseguir agradar todo mundo. E, mesmo que consigamos, corremos o risco de desagradar a nós próprios. A certa altura, depois de tantos filtros, likes e esforço e preencher a expectativa alheia, é tanta frustração, que sentimos necessidade de abrir uma janela pra dentro e respirar um pouco de autenticidade. É quando o tempero da originalidade começa a fermentar.

Ser original não é colocar uma meia de cada cor ou pintar o cabelo de azul (apesar de que pode ser divertido). É mais como descobrir uma receita que só nós sabemos fazer — uma mistura de talentos, esquisitices, paixões e jeitos de ver o mundo que ninguém mais tem. E essa receita não vem pronta. Exige anos, tropeços, testes com ingredientes errados e, principalmente, coragem para continuar cozinhando mesmo quando a crítica gastronômica do Instagram torce o nariz.

Na adolescência, essa fome de ser único explode. A gente desafia tudo — a escola, os pais, o sistema, até o corte de cabelo alheio. É como se gritássemos: “Quero ser eu!” Ainda que, muitas vezes, nem saibamos direito quem é esse tal “eu”. Só que, com o tempo, a coisa complica. A sociedade oferece um buffet de fórmulas prontas: “Aqui está seu terno, seu crachá, seu comportamento aprovado. Agora sente-se e sorria.” E aí começa o dilema: manter a originalidade ou se render ao conforto padronizado?

No fim das contas, originalidade é um ato de resistência. Um gesto ousado de se bancar, mesmo quando o mundo sugere que é mais seguro se ajustar aos modelos padronizados. E se tem algo que vale o esforço, é conquistar esse lugar intransferível chamada individualidade — porque imitar os outros, sejamos honestos, é coisa que até papagaio faz.

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Conheça o Jojo

Filósofo nas horas vaga, tem uma curiosidade inata pelo comportamento humano, realizando paralelos muito instigantes entre o ser humano e a evolução das espécies, tema sempre muito presente em todas as suas palestras e cursos, e muito apreciada pelo seu público.

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