Ciúme não é uma demonstração de amor ao próximo e sim de amor-próprio, amor-a-si- próprio. (DeRose)

“Quem ama cuida”, dizem. Mas há quem, em nome do cuidado, instale câmeras, crie códigos secretos para desbloquear celulares e pratique interrogatórios dignos de filmes policiais. Chamam isso de ciúme, e ainda querem que a gente acredite que é amor. Não é. É GPS emocional com senha biométrica e contrato de exclusividade afetiva.

O ciúme, quando exagerado, não é a prova do amor, mas excesso de insegurança. Pode destruir um lindo relacionamento. O hiper ciumento não quer amar, quer possuir, trancando o outro num cofre afetivo, com acesso exclusivo e hora marcada para sorrir. E, pior, acha tudo isso muito romântico. Mas amor que aprisiona vira ansiedade. E beijo com vigilância tem gosto esquisito.

A raiz da overdose de ciúme não está no outro. Está na imagem distorcida que o ciumento faz de si. É uma autoestima que não se alimenta de afeto, mas de comparação. “Se olhar demais pro lado, vai me trocar.” Mostra um medo disfarçado de carinho, de controle maquiado de zelo. O ciúme excessivo traz muita tristeza e sofrimento para todos os envolvidos.

E quando o ciúme vira regra, a convivência se transforma em campo minado. Toda mensagem lida é suspeita. Todo atraso é indício. Todo elogio é traição disfarçada. Vive-se sob julgamento perpétuo. A relação perde o riso, o encanto, a leveza. Vira uma eterna frustração. E tudo em nome de um sentimento travestido de paixão, mas que na minha perspectiva, é originado do fato de que jamais poderemos controlar o que o outro sente. Oh, inferno!

Por isso, amar sempre será desafiador. E sendo o ciúme, biológico, haja esforço de superação. A ideia, não é aniquilar o ciúme, mas reduzir a sua área de influência de maneira a não contaminar a ralação de forma irreversível. E, vamos combinar: não há sensualidade maior do que uma pessoa segura de si, que ama com liberdade e se sabe inteira.

Portanto, da próxima vez que alguém disser: “Tenho ciúme porque te amo”, ofereça um espelho. Não para que a pessoa se admire, mas para que se enxergue. Talvez ali comece a cura. E quem sabe, então, o amor finalmente possa entrar — sem tornozeleira eletrônica.

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Conheça o Jojo

Filósofo nas horas vaga, tem uma curiosidade inata pelo comportamento humano, realizando paralelos muito instigantes entre o ser humano e a evolução das espécies, tema sempre muito presente em todas as suas palestras e cursos, e muito apreciada pelo seu público.

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