Há décadas, tenho o hábito de passar o réveillon de roupa nova. Tudo novo: cueca, meias, sapato, cinto, calça, camisa etc.
Gosto de receber o ano novo, todo novo. E sempre, com metas e estratégias para realizá-las. E vem funcionando muito bem, obrigado.
No entanto, evito passar totalmente de branco, pois não sou pai-de-santo. Muitas vezes, nenhuma peça da vestimenta é branca, mas todas de tonagem clara.
Há muito tempo, num início do mês de dezembro, estava em Buenos Aires e planejei comprar parte das roupas por lá.
Uma tarde, saí às compras e adquiri uma bela camisa de boa marca. Em seguida, avancei para a famosa e clássica Galeria Pacífico, um shopping center super badalado na época, e que fica na rua Florida.
Minha meta era adquirir uma calça branca de boa fabricação e com algumas características indispensáveis para mim: com elastano, pois é confortabilíssima, não limita os movimentos e cintura baixa, porque se tem uma coisa que me incomoda é calça centro-peito.
Entrando no shopping, encontrei uma loja da Ralph Lauren, que hoje já não está mais lá e iniciei minha busca. Era uma loja bonita, estilosa, de dois andares.
Sem pressa, vasculhei os dois pisos, encontrando algumas opções, mas nenhuma exatamente como eu queria. No meu precioso portunhol, indaguei aos vendedores, que me mostraram algumas alternativas interessantes, porém sem preencher as minhas expectativas.
Frustrado, encaminhei-me para uma das saídas da loja quando me deparei com um manequim, vestindo a calça que eu queria.
Com um sorriso, aproximei-me do manequim, inclinei-me e aproximei minha mão para sentir o tecido. Quando segurei a calça, o manequim deu um pulo, afastando-se de mim.
Olhei para cima e um indignado portenho me olhava, com uma expressão entre a indignação e a incredulidade, os olhos muito arregalados.
Ergui-me também assombrado e sussurrando uma desculpa esfarrapada afastei-me, entre as gargalhadas dos balconistas da loja.
A partir deste dia, na dúvida, quando entro em lojas de roupas, evito aproximar-me de manequins.
Vai que…