A elegância do comportamento não é exercida para o outro que a recebe e sim para o próprio que a cultiva.
Você já reparou como tem gente que se comporta bem só quando tem plateia?
O sujeito é gentil, educado, até puxa a cadeira — mas só quando alguém está olhando. Quando não tem testemunha, vira um ogro que mastiga de boca aberta, responde com grunhidos e solta palavrão até para elogiar. É nessas horas que percebemos: a verdadeira elegância do comportamento não se faz para impressionar, e sim para expressar quem somos.
Cultivar boas maneiras só para ser bem-visto é como perfumar um porco: pode até melhorar o ambiente, mas não muda a essência. O refinamento genuíno acontece quando ninguém está assistindo. É quando você devolve o carrinho do supermercado no lugar certo, mesmo sem câmera por perto. É quando você escuta alguém até o fim da frase sem interromper — mesmo que esteja morrendo de vontade de contar sua versão melhorada da história. Elegância é saber que ser civilizado dá menos ibope, mas muito mais satisfação pessoal.
Quem age com delicadeza só quando é conveniente, está treinando para um papel. Já quem cultiva essa postura com naturalidade, mesmo quando não há retribuição, está ensaiando para a vida. Porque, no fim das contas, a pessoa elegante não está tentando ganhar curtidas no Instagram — está exercitando algo que lhe dá satisfação. E isso, para muitos, vale mais do que qualquer aplauso.
Portanto, da próxima vez que segurarmos a porta para alguém e a criatura passar sem agradecer, sorria. Não pelo agradecimento que não veio, mas porque você sabe que aquele gesto foi um presente que você se deu. Ser elegante é um ato de amor-próprio, não de marketing. E, convenhamos, quem já entendeu isso, não precisa mais de platéia — só de bons amigos e um café honesto.
