Você já reparou como hesitamos antes de fazer uma tatuagem? É quase um ritual. Pensamos, repensamos, mostramos o desenho para cinco amigos, consultamos o astrólogo, e ainda assim dormimos mais uma noite antes de marcar com o tatuador. E tudo isso por uma razão simples: depois que está na pele, não sai nem com reza forte. Tatuagem é compromisso. E compromisso, como você bem sabe, exige maturidade.
E, da mesma forma, quantas vezes nós paramos para refletir assim, com tanto critério, antes de tomarmos uma decisão importante na vida? Escolher um emprego, encerrar um relacionamento, abrir um negócio, etc. As escolhas também deixam marcas. Invisíveis, sim — mas às vezes bem mais profundas que uma tinta na pele. E não raro, quando nos damos conta, já estamos vivendo as consequências delas, irreversíveis como as linhas de um desenho mal escolhido.
Dizem os arautos de plantão, que sempre há tempo para mudar. Uma meia verdade. O tempo pode até oferecer novas trilhas, mas ele não apaga pegadas. Toda escolha gera um impacto, e se não podemos voltar no tempo para desfazer o gesto, ao menos podemos aprender a escolher melhor da próxima vez. Isso, sim, é liberdade: saber que cada passo tem peso, e que vale a pena calçar bem os sapatos da consciência antes de seguir.
Talvez, por precaução, tratar nossas decisões como se fossem tatuagens seja uma boa escolha. Perguntarmo-nos se vamos querer viver com esta ou aquela marca daqui a dez anos. E se a resposta for sim, vamo-nos! Mas se for não, melhor respirar fundo e esperar mais um dia.
Às vezes, o que precisamos não é decidir rápido, é decidir certo.