Descubra uma verdade inconveniente e logo encontrará um mártir – provavelmente desempregado, difamado e cancelado
A verdade pode até libertar, mas muitas vezes, demite, isola e exclui.
Ao se revelar uma verdade inconveniente, ao invés vez de palmas, recebe-se olhares atravessados, sorrisos falsos e, se insistir muito, uma cartinha do RH ou um cancelamento eterno. Vamos combinar que o mundo gosta de sinceridade… desde que ela seja mencionada num sussurro ou como mensagem temporária.
Quem resolve dizer o que ninguém quer ouvir, corre o risco de ser canonizado — mas só depois de morto, de preferência cremado e transformado em nome de auditório. Em vida, será sempre taxado de censurável, desagradável e sem noção.
Recorrentemente nós empurramos o portador da verdade inconveniente para debaixo do tapete e seguimos nossas vidas, como se ele jamais tivesse existido. Não é à toa que os mártires geralmente têm tempo livre: foram cancelados por excesso de lucidez.
Portanto, se encontrarmos uma verdade que ninguém quer encarar, pensemos duas vezes antes de compartilhá-la. Talvez seja mais seguro guardá-la ao lado de algum talento um tanto diferente e daquela ideia genial que o chefe ignorou porque era “ousada demais”.
Ou então, doce vingança, alardeemos as verdades com ironia, quase como piadas. Porque, se é para queimar na fogueira da lucidez, que pelo menos seja às gargalhadas e com um punhado de amigos para repartir