Enquanto nós, homens, organizamos planilhas, a mulher já resolveu o problema com um simples olhar. É quase cruel: passamos horas somando prós e contras, e quando terminamos, a mulher já intuiu a resposta — e ainda sobra tempo para escolher a cor da almofada que combina com a sala.
Nós chamamos de raciocínio lógico. A mulher chama de “eu senti”. E a verdade é que, enquanto tentamos decifrar equações da NASA para decidir a pizza do jantar, a mulher já pediu a de quatro queijos — e todo mundo ficou feliz.
É como se estivéssemos jogando xadrez e a mulher, capoeirando. Nós prevemos lances, calculamos jogadas, e a mulher apenas percebe que a peça certa é aquela que estava debaixo do nosso nariz. Não dá para competir com esse radar invisível.
Nós medimos, pesamos, calculamos. A mulher, simplesmente percebe. Essa diferença entre cálculo e intuição é a fronteira que separa o caderno cheio de números do bilhete com um rabisco certeiro. E, convenhamos, nove em cada dez vezes o rabisco acerta mais.
No fundo, nós também gostaríamos de ter esse sexto sentido. Mas acabamos presos em tabelas comparativas: qual carro consome menos, qual banco cobra menos juros, qual rota tem menos pedágios. Enquanto isso, a mulher já está passeando no carro, com a música certa no volume perfeito.
E quando erramos — porque erramos muito — vem aquele olhar indulgente, quase maternal, que mistura compaixão com leve zombaria. É como se dissesse: “Vocês ainda acreditam que planilha vence intuição? Que dó.”
No fim, nós rimos juntos. A mulher com sua percepção imediata, nós com nossos cálculos intermináveis. Porque, no teatro da vida, essa diferença não nos separa. Pelo contrário: é justamente o contraste entre lógica e intuição que nos mantém unidos — nós com o cálculo, a mulher com a mágica.
