– Só vou ver um videozinho pra relaxar… e nos recostamos para passar o tempo.
Estamos diante de um crime existencial no qual a cena do crime e o nosso sofá e a inusitada arma do delito constitui-se em um celular com bateria infinita e memes atualizados. E lá se foram três horas, duas crises existenciais e um café e uma barrinha de chocolate
O mais curioso nesse tipo de homicídio é que não há fuga possível. O criminoso está preso… dentro da própria vítima. São gêmeos siameses do tédio: um aperta o botão da procrastinação e o outro sofre com a culpa depois.
Você já viu alguém cometer um crime, ser a testemunha ocular, fazer o boletim de ocorrência e ainda ser o cadáver? Pois é o que acontece quando resolvemos matar o tempo.
Então, da próxima vez que formos cometer esse crime, que pelo menos seja com estilo. Que matemos o tempo dando boas risadas, dançando no meio da sala ou escrevendo aquele livro que vivemos adiando. O problema não é desfrutar do tempo passar. É fazer disso uma desculpa para nada fazer.
Porque, no fim, não seremos nós que mataremos o tempo. Ele é que nos matará.