A advertência embutida na frase do Professor DeRose, à primeira vista, soa quase como um aviso sombrio. Mas, se aprofundarmos o olhar, percebemos nela uma bússola ética poderosa.
A natureza humana é curiosa — instintivamente buscamos saber, ver, desvendar. Entre as espécies gregárias, notadamente os primatas, observar o outro sempre foi uma estratégia de sobrevivência, na busca por segurança, status e privilégios. Hoje, esse impulso encontra terreno fértil nas redes sociais, onde tudo — absolutamente tudo — pode ser visto, julgado, compartilhado.
O curioso é que nunca estivemos tão expostos, e, paradoxalmente, ainda cultivamos segredos como se estivéssemos na mais densa floresta. Postamos sorrisos, frases de efeito, refeições elaboradas. Mas o que fazemos fora do campo de visão das câmeras? A frase nos convida a ao exercício da civilidade e ética: a vida privada como extensão da vida pública. E vice-versa.
Porque, sim, estamos sendo observados — por algoritmos, por seguidores silenciosos, mas principalmente por nossa própria consciência.
As redes sociais não criaram a necessidade de um comportamento exemplar; apenas amplificaram suas consequências. O deslize que antes era sussurrado em um café, hoje viraliza em segundos. A exposição não perdoa e o rastro digital não se apaga.
Portanto, a vigilância constante deveria nos conduzir, não ao medo, mas à integridade. Quando reduzimos a diferença entre quem somos sozinhos e quem somos em público, nasce uma liberdade rara: a de viver com autenticidade.
Esse é, na minha opinião, o verdadeiro chamado desta frase do Professor DeRose. Um lembrete de que o observador mais atento não está no feed de notícias, mas dentro de nós. O mundo vê, sim.
Mas mais importante que isso é o que nós mesmos vemos quando olhamos para nossas ações. E se for possível sustentá-las à luz do dia, então não há sombra que nos cause constrangimento