O receio da perda é uma outra das adversidades que provoca um grande desconforto no momento de se tomar uma decisão. A palavra “escolha” já traz embutida a necessidade de renunciar a alguma coisa. E, se pararmos para pensar, estamos sempre escolhendo, o tempo todo. Desde o que vamos comer no café da manhã, se iremos à academia ou se vamos ou não maratonar uma série, tudo envolve uma eleição. E que sempre envolverá uma renúncia! São mais de 100 escolhas diárias e, com elas, 100 renúncias que nos fazem sentir como se estivéssemos perdendo algo importante, mesmo quando não estamos.
O maior problema é que queremos tudo! Quem nunca quis ir ao cinema com a namorada e, ao mesmo tempo, jogar uma partida de futebol com os amigos? Ou então fazer academia de manhã e ainda chegar cedo no trabalho?
Essa constante necessidade de fazer escolhas nos coloca frente a frente com uma frustração que tentamos evitar a todo custo: a de renunciar a algo que também desejamos. Gostaríamos de casar-nos com a loira e com a morena, se fosse possível, ou fazer o treino com o personal trainer e participar de uma reunião executiva. Mas como não temos dois ou mais corpos, a vida nos impede de viver todos os desejos ao mesmo tempo.
Essa dificuldade de aceitar a renúncia está em toda parte. Seja no campo afetivo, profissional ou até nos pequenos prazeres do cotidiano. E isso gera uma sensação incômoda de que, ao fazer uma escolha, estamos abandonando algo incrível. Escolher é, basicamente, aceitar perder alguma coisa, algo com que não nos acostumamos facilmente.
Parece que, quanto mais opções temos, mais difícil fica tomar decisões.
Antigamente, você ia ao mercado e escolhia entre dois tipos de cereais. Agora, você encontra uma prateleira inteira, com variações sem glúten, sem açúcar, orgânico, com ou sem passas.
No fundo, não queremos perder oportunidades, experiências ou pessoas. Queremos aproveitar cada instante, mas a verdade é que o tempo, assim como nossas energias, é limitado. E mesmo que, por algum milagre, consigamos conciliar tudo, provavelmente estaríamos exaustos no final do dia, sem forças para realmente aproveitar qualquer coisa.
