É impressionante como certos temas parecem ter saído diretamente da boca do povo para os tema do momento das redes sociais. De repente, todo mundo virou especialista em algo que, convenhamos, nunca fez parte da rotina de ninguém. O cara que nunca lavou a própria louça agora entende de geopolítica internacional, a vizinha que confunde rúcula com agrião tem certezas absolutas sobre nutrição funcional. Se tem muita opinião, pode apostar: tem chance de ter pouca vivência, conhecimento
Aliás, tem uma lei universal não escrita — mas amplamente respeitada — que diz o seguinte: quanto mais gente comenta com convicção sobre um determinado assunto, maior a probabilidade de ninguém ali ter o menor envolvimento com ele. É quase uma milagre coletivo uma licença poética sobre a realidade. Como se, ao falarmos muito de algo, magicamente passássemos a entendê-lo. Só que não.
É mais ou menos como uma torcida de futebol discutindo estratégias táticas de um técnico profissional. Todo mundo sabe exatamente o que o time deveria ter feito — sentados no sofá, com o controle remoto na mão e um pacote de salgadinho no colo. A distância da prática confere uma coragem curiosa. Afinal, opinar de longe é seguro: não exige entrega, nem risco, só palpite.
Da próxima vez que me vir tentado a entrar num debate que nada tem a ver com a minha praia, vou respirar fundo, sorrir com certa resignação e divertir-me, tentando deixar o show de opiniões para os especialistas de ocasião.
Mas confesso que palpitar é quase irresistível.