O FINO DO SOM
Difícil de definir, o Jazz tem como elemento essencial a improvisação. Nele, os músicos sempre irão interpretar a música de forma peculiar, nunca executando a mesma composição exatamente da mesma forma mais de uma vez.
Ele reuniu em torno de si, em mais de 100 anos, os melhores instrumentistas e compositores de música, criando milhares de obras primas, que na sua maioria, brinda os ouvidos com melodias sofisticadas, elaboradas e únicas na interpretação.
A ilustração é minha, em uma homenagem a Miles Davis.
Gentilmente, a boca contorna a embocadura,
A expiração melodiosa, pungente,
Manuseada cordialmente pelos dedos ao trompete,
Evoca soturnos sons, indômitos, que serpenteiam
ouvidos e coração adentro
Ao fundo, o dardejar metálico e lento de um prato,
Quase que suspenso no ar, sem mãos.
A baqueta pulsa: só, elegante e discreta.
O piano, cordialmente, imiscuindo-se com os metais,
Faz sua própria trajetória sincopada ao som
mais do que melancólico das cordas do baixo,
Que clamam por silêncio, entre notas anárquicas.
E é quando o sax ergue-se, como um falcão preguiçoso,
Sobre tudo e todos, e feito mão aveludada, aponta a direção.
E imerso neste oceano acórdico, ritmado e exclusivo,
Misturam-se homens de todas as cores,
Lindos, loucos e imóveis.
Que olhando assim, de relance,
Parecem-se mais com deuses esquecidos do que com homens,
Encurvados sobre seus instrumentos, quase sombrios, calados.
E se apuramos os ouvidos, por sobre os sons,
Poderemos ouvir um murmúrio na noite silente:
O Jazz… O Jazz… O jazz…
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